“Cantos e quintais” dialoga com o projeto Caixeiras, Caixas e Saias realizado pelo Grupo de Cultura Popular Jabuticaqui, onde mantivemos contato mais estruturado com o canto e toques das Caixeiras do Divino do Maranhão, através de oficinas, vivências e apresentações, agora neste momento de recolhimento, longe dos encontros presenciais são estes Cantos que alimentam a alma. É no “re” Canto do quintal que escuto, estudo, canto e aprendo mais e mais, lugar potente onde arte e natureza se encontram para fortalecer e aprofundar a Cultura Popular. Quintal como espaço físico geográfico ou simplesmente metafórico, onde trabalhamos a terra, adormecemos sementes e florescemos ideias, convivemos, compartilhamos, contribuímos para relações de vizinhança, proximidade e acolhimento que colaboram em manter viva às Tradições Culturais. Sigamos em Cantos e quintais, até que possamos abrir as portas, os sorrisos sem máscaras, braços e abraços e reviver toda a magia das Caixeiras da Lua em seus Cantos, toques e bailados, transbordados de afeto e acalanto.

Cantos e Quintais é uma forma de reavivar a memória e aquecer a alma em tempos de recolhimento, onde algumas portas se fecham, mas outras se abrem. Como brincantes do Grupo Jabuticaqui, nas oficinas de Caixas do Divino Espírito Santo, Brincadeiras Maranhenses e Cacuriá com a presença das Mestras Bartira Menezes e Mestra Roxa, Ana Maria Carvalho e Aycran, entramos em contato com tradições culturais que resistem ao tempo e suas acelerações, encontramos um espaço de vivências que nos religaram aos cantos, toques, histórias, religiosidade, encantamento e a nossa ancestralidade, nos conectaram ao trabalho e produção coletiva da Cultura Popular. As Caixeiras da Lua sem encontros presenciais, torna-se quase impensável, mas é importante entender esta pausa não como um lugar imóvel, inerte, inócuo ou improdutivo e sim, perceber, observar quais são portas se abrem por influências destas vivências. Cada brincante em seu Cantos e quintais, sejam eles espaço físico, fictício ou empréstimo voz, pode refletir sobre tais influências e consolidar práticas, recriando espaços e percepções calorosas para quando chegar o momento do reencontro.

“Cantos e Quintais” está intimamente ligado ao estudo realizado enquanto brincante do Grupo Jabuticaqui, através de Oficinas do projeto Caixeiras, caixas e saias, vivências semanais que aconteceram até março de 2020 e após esta data acontecem de forma virtual, em reuniões do google meets. Alguns estudos em pequenos grupos respeitando o distanciamento exigido nestes tempos de recolhimento.

Além do grupo envolvido diretamente 20 mulheres, foram impactados aproximadamente de 600 pessoas nos últimos 06 Encontro de Domingo onde as Caixeiras da Lua também participaram, além de um número imensurável de pessoas que tiveram contato com os cantos e toques através de mídias disponibilizadas nas redes sociais.

O projeto Caixeiras, caixas e saias ocorreu em diversos espaços, públicos e privados em região central e periférica das cidades, tais como: Galpão Arthur Netto, espaço Cultural independente na região central de Mogi das Cruzes; Casarão da Mariquinha, espaço Cultural independente na Região Central de Mogi das Cruzes; Centro Cultural de Mogi das Cruzes, espaço público na região central da Cidade de Mogi das Cruzes; CIARTE, espaço público na Região Central de Mogi das Cruzes; Praça São Benedito, espaço público de Mogi das Cruzes; Quadra da Escola de Samba Águia de Prata, Bairro Vila da Prata.

Todas as ações do projeto promoveram igualdade de oportunidade, uma vez que ocorreram em espaços públicos e privados da cidade e região, os eventos são acessíveis e gratuitos e ocorrem em pontos diferentes da cidade e com ampla divulgação em veículos de comunicação e redes sociais. O projeto promove a valorização da mulher, já que o grupo é eminentemente formado e organizado por mulheres, promove também a cultura indígena, negra e sertaneja e de diversas religiões tanto de matriz africana e seu sincretismo com a religião católica.

Os estudos sobre as Caixeiras do Divino do Maranhão bem como outros Grupos da Cultura Popular ocorre desde 2010, mas se intensificou nos últimos 2 anos e ainda segue em estudos e aprendizados com oficinas virtuais e novas ações.