Aldir Blanc
Edital nº 019/2020: Projetos Culturais

PROJETOS CULTURAIS 2
Projetos médio porte

Classificado 2º Selecionado 47,00 pontos Premiação R$ 10.000,00

  • Cuirgrafia: Reescrever Corpas em Casa

    Proponente: Malu Riquetto da Silva Ferreira

  • “Não somos nada antes de ser bixas” Paco Vidarte O Projeto “Cuirgrafia: Reescrever Corpas em Casa“ propõe o diálogo da escrita das narrativas a respeito das subjetividades de duas bixas e uma sapatã que se meteram a ser artistas: Lucas Bandeira , Brendo de Lima e Amanda Chaptiska (artistas que integram a este trabalho). Meteram-se pois são suas vivências existências que contrariam a produção compulsória de corpos-normas, presentes também no contexto do fazer artístico. Escrever neste caso tornou-se um exercício de retomada da autoria de nossas histórias, fazer das vivências passadas o motriz de força do nosso caminho presente para alcançar espaços futuro que também nos pertençam. O processo de escrita destas “cuirgrafias” foram elaborados por meio da experimentação da linguagem da Arte Postal, ação esta que consistiu na correspondência por cartas, retomar este meio de comunicação no momento em que a liberdade esteve vulnerável aos episódios de isolamento social, nos permitiu revisitar outras camadas de privações a qual estas corpas estão submetides. Foram estas artes postais exercícios de escrevivência, fizeram emergir memórias destus sujeites assujeitades, suas trajetórias, suas construções, interpelades pelas questões de gênero, sexualidade e raça, constituindo portanto narrativas lgbtqia+, ou como compreendemos neste processo, cuirgrafias. A partir disso o projeto se deu à moda pandêmica: recorrendo a recursos audiovisuais, redes sociais, e aos aparelhos celulares. Experiência esta que se deu pela necessidade de todes es artistes da cena se adaptarem ao confinamento decorrente da pandemia Covid-19. Desenvolvemos, portanto, encontros regulares de estudo introdutório em áudio e imagem como, por exemplo, gravação e tratamento de áudio, improviso cênico para câmera e direção de arte. Constituindo um processo de investigação não apenas literária mas também em videoarte e videoperformance. Concomitante a estas investigações poéticas, foram convidades a somar com nossas vozes, outres artistas LGBTQIA+ que partilham da experiência de recorrer a produção escrita como material expressivo de suas subjetividades. Estes encontros, live entrevistas, foram nomeados “Beee à Live”, e tiveram como objetivo ampliar espaços de representatividade destas historiografias, que se compreendem diversas, que ora se convergem em encontros, ora se distanciam. Até o momento contamos com a participação da poeta sapatã sergipana Joana Côrtes e do escritor bixa paulista Marcos Brogna. Por fim, o presente projeto realizou três ações “bee à live”, “cuigrafia” e “cuirgrafia em close”, sendo as duas últimas processos de criação inéditos.
    A ideia título do projeto propõe um recorte no que se entende escrita de si e apresenta uma conceituação inédita: Cuirgrafia. Tomar para si nossas histórias LGBTQIA+ e reivindicá-las para além dos assujeitamentos, reconhecendo o entretecimento de gênero, sexualidade e raça. O projeto se fortalece por seu caráter de compartilhamento entre artistas cuir na busca por fortalecer narrativas contra hegemônicas, reinventando-se em meio ao isolamento, fomentando uma pesquisa continuada entre linguagens e sujeites. Além disso, “cuirgrafia” aponta desdobramentos que hibridizam escrita e audiovisual em “cuirgrafia em close” na articulação feita entre as experiências artísticas distintas des três participantes, contribuindo, portanto, para o debate que tem sido feito no campo da arte contemporânea a respeito do hibridismo entre diferentes áreas do conhecimento, característica singular das produções artísticas recentes, responsável pela criação de novos paradigmas artísticos que não encontram suas definições na função ou forma de arte ou artista, mas na potência de afetar e afetar-se dos corpos e ações. Por fim, o presente projeto sinaliza campo de pesquisa artística e teórica inédito em “cuigrafia” e “cuirgrafia em close”.
    O projeto propõe a pesquisa continuada na imersão de três práticas: a arte postal, a “cuirgrafia” e a “cuirgrafia em close”. A arte postal, configura-se como movimento artístico, crescente no Brasil até anos 90, influenciado pelo movimento dadaísta que propõe a troca de cartas como meio de expressão artística. No projeto, as cartas transitam entre Mogi das Cruzes, Poá e São Paulo, permitindo outra relação entre tempo, espaço e território; e em seu exercício tem nos colocado a pensar a comunicação que se desgasta às luzes das telas e vivenciado a troca analógica dos afetos. Num segundo momento realiza-se a experimentação da forma de escrita que emerge das artes postais, narrativas que se caracterizam pelo corpo que busca palavra, pelo corpo que reivindica a escrita de si, narrativa-corpo em disputa com a norma-corpo cisheteronormativa. Estudo que inspira-se na ideia de Homografia, criada por Paco Vidarte e propõe a prática de uma “cuirgrafia”, ideia título do projeto. No terceiro momento, estes escritos dão origem a vídeos performáticos, na investigação do audiovisual como desdobramento de novas camadas ao texto, constituindo um processo de pesquisa e experimentação em vídeo arte. Aqui cabe pontuar a não vivência no audiovisual que encontram-se três artistas, que articulam suas experiências e formações em artes cênicas, artes visuais, canto e artes do corpo na pesquisa em arte e tecnologia, construindo por fim a “cuirgrafia em close”. Um processo cíclico, continuado e híbrido entre linguagens, materiais e sujeitas que encontra sua potência na construção coletiva de saber.
    Desde o início das ações de Cuirgrafia: Reescrever corpas em casa, foram produzidos três “cuirgrafias”, cinco vídeos performáticos “Cuirgrafia em close” e duas live entrevistas, denominadas “beee à live”. Este projeto conta com as pesquisas e os trabalhos de três artistas participantes e três artistas convidades. Até o momento, somando as 7 ações tivemos o alcance de 1.722 pessoas, contabilizadas pelas plataformas digitais YouTube e Instagram em forma de vizualizações, são contabilizadas também cerca de 476 interações do público com o conteúdo proposto, como compartilhamentos, comentários, salvar ou adicionar aos favoritos e curtidas. (*conforme o material presente no link de demonstrativo e comprovação do Projeto Cultural*)
    A elaboração do projeto cultural se dá em meio às vivências de pandemia e isolamento social, na qual estivemos submetidos desde março deste ano (2020), foram por meio das plataformas digitais e das redes sociais que “Cuirgrafia: reescrever corpas em casa” conseguiu garantir a capacidade de descentralizar suas ações. Foram estes meios facilitadores do processo de integração de artistas de distintos municípios, Mogi das Cruzes, Poá e São Paulo, ainda foi possível alcançar artistas pertencentes a outros territórios, como no caso da Live com a artista Joana Côrtes de Aracaju em Sergipe. Mantivemos também os aspectos de descentralização do projeto referente ao alcance de público, nas informações e estatísticas projetadas pelas redes sociais do Instagram e YouTube, foram apresentados dados de alcance de outros municípios, aparecem nos recursos de interação cidades como São Paulo, Mogi das cruzes, Suzano, Poá, Campinas, Recife, Aracaju, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Somam se ainda nestes dados outros países, com localidades de públicos possíveis no Brasil, Argentina, Uruguai, Colômbia, Chile, Alemanha e Estados Unidos (*conforme o material presente no link de demonstrativo e comprovação do Projeto Cultural*)
    O projeto “Cuirgrafia: Reescrever Corpas Em Casa” parte de uma ação afirmativa na busca viabilizar processos criativos de três artistas LGBTQIA+ do Alto Tietê e da capital paulistana, em suas vivências e desenvolvimento de pesquisa, na compreensão dos mecanismos sociais do entorno. Ser artista por si só já significa muitas vezes, uma prerrogativa de trabalho árduo sem um grande reconhecimento financeiro; sendo um trabalho artístico LGBTQIA+ ocupamos um local de inseguranças, de discriminações e principalmente de incompatibilidade com o pensamento corrente do imaginário social. Enquanto ação afirmativa o projeto levanta a urgência de discussão sobre o preconceito, que emerge por conta do “desconhecimento”, “desinformação” e do “medo”. Personificando vivências através de nossas corpas em cena, humanizando o discurso do contexto de “diversidade”. No suporte audiovisual, a possibilidade de acessar pessoas que em seu círculo de convivência não possuem um diálogo aberto sobre questionamentos, carências e indignações, questões de identidade e performatividade de gênero, que antes de empoderado, chega aos ouvidos cheios de desmeritizações, pejorativas e barreiras que impedem corpas-cuir de serem ou estarem, como e onde quiserem. Para além do mecanismo de militância, revela a escrita de nossos contratos e cláusulas de ocupação de nossas corpas que vivencia clausuras dentro ou fora de uma situação pandêmica. Ocupamos com este projeto as redes sociais, com a produção dos vídeos performáticos - Cuirgrafia em close - também das série de live entrevistas - Beee À Live - , pudemos neste meio exercitar e colocar a campo a tentativa de ampliar os espaços de discussão das temáticas e desdobramentos alcançados e vivenciados por nós. Criando uma rede de escritories LGBTQIA+. Sendo um projeto gerido, ensaiado, desenvolvido por corpas LGBTQIA+ em sua totalidade, CUIRGRAFIA proporciona a nós mesmos, o desenvolvimento de nossos próprios processos artísticos, nos provocando em nossos receios, desenvolvendo uma relação mais incisiva com nossos próprios limites e com a fisicalidade de suas próprias dúvidas e dores. Proporcionando uma compreensão para além do artístico, nos colocando a mercê de nossas próprias lacunas deixadas por uma cultura que nos ignora enquanto opinadores, descolonizando nossos trabalhos e possibilitando uma narrativa amadurecida a cada novo ciclo.
    Partindo do entendimento que as proposições oferecidas por este projeto nascem das pesquisas elaboradas por seus artistas integrantes, temos aqui o primeiro aspecto de continuidade, Cuirgrafia vem como desdobramento do encontro desses artistas em trabalhos já realizados: “Me deu vontade de correr junto com você- o que fazemos com corpo em sala de aula?” e “A bixa matou aula ou a escola matou a bixa?- literatura gênero e performance” monografias de pesquisa em performance e performatividade de gênero, “Experimentando obras de arte com o corpo” oficina de improviso virtual que hibridiza artes visuais e artes do corpo e o trabalho fotográfico para a marca Saia Sem Gênero, confecção de roupas agêneras. Nas ações presentes na tessitura do projeto, damos destaque a três pesquisas continuadas que fundamentam este trabalho: Arte Postal, Cuirgrafia e Cuirgrafia em close. Esse ciclo se completa pela primeira vez em setembro de 2020, contemplado pela Mostra Virtual de Artes de Mogi das Cruzes - MOVI.AR durante a pandemia do COVID-19.
    Tradução e acessibilização de material audiovisual em Libras (7 vídeos), R$ 1.400,00; Um (1) dia de projeção dos materiais audiovisuais no Centro Cultural de Mogi das Cruzes R$ 3.471,71.
    R$ 4.871,71

    Informações: 11 4798-6900
    E-mail: culturamogi@pmmc.com.br

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