Aldir Blanc
Edital nº 019/2020: Projetos Culturais

PROJETOS CULTURAIS 3
Projetos grande porte

Classificado 5º Suplente 45,00 pontos

  • Nascimento da Ausência de Velar de Menino.

    Proponente: Thalita Benigno Franco Romão Batista

  • Apresentação: O projeto visa à premiação neste presente Edital com o espetáculo de teatro “Nascimento da Ausência de Velar de Menino” da Clara Trupi de Ovos y Assovios. Obra essa apresentada em seu primeiro ciclo na cidade de Mogi das Cruzes, entre os anos de 2017 e 2018, proporcionando acesso gratuito e indiscriminado para todas as classes sociais e faixa etárias. Sinopse: Nesta obra teatral de ocupação do espaço público, instalada diante das seculares igrejas Carmelitas, revela uma alegoria metafórica das ausências dos ritos vitais (ou essencialmente da vida) destes sacrificados por práticas de dizimação massiva ao longo da história humana. Oferecemos assim em singelo regalo lírico nossos batismos, resistires, renasceres e ventres desta força feminina de mãe para seus assassinados meninos e meninas situados ao largo dos tempos. Tema da obra: Os sacrifícios carregamos em nossos corpos de margeio, de indivíduos as margens da história, interioranos, rurais, periféricos, excluídos dum processo histórico de acesso aos bens primordiais, estamos assim aptos por inerência territorial e cultural as opressões sistêmicas dos poderes vigentes. Porém nossos fundamentos se arraigam em intensidades de nascimento, da ode aos preceitos vitais em detrimento as recorrentes espoliações de ordem social. Não nos privando dos discursos afirmativos ante as violências todas, essas não as evidenciamos em sua histórica redundância arbitraria. Estamos em vigília permanente diante destes contextos opressores, pois é nosso corpo em experiência violar que se emerge, se emergência diante destes fatos. Espetáculo do Ciclo das Mogianidades Caipiras, que aborda essencialmente as matanças massivas ao longo da história humana. Trazemos esses violares, massacres e genocídios que incorrem contra as culturas minoritárias, aqui associados simbolicamente as espoliações contemporâneas das mães de maio, ou mães de qualquer tempo, privadas essas da existência de seus respectivos meninos (ou meninas): negros, pobres e periféricos desta cidade, e de outras mais. Renascimentos destes filhos: Esta obra é sobre renascer, e todo renascer é um ato de resistir, renascemos nestes corpus, nestas cores-étnicas, nestes indiscriminados credos, que são, ou não são nossos. São esses genocídios contra as minorias (majoritárias) que se seguem as Intervenções arbitrarias dos poderes instituídos, que ora se eximem de suas responsabilidades histórias, ora perpetuam suas opressões contra esses já fragilizados indivíduos sociais, neste amplo contexto de violação aos direitos mínimos do homem. Assim optamos essencialmente em renascer, reatualizar, ressignificar e recriar ritos de inúmeras culturas, tradições e sociedades em celebrações indiscriminados de nascimento, batismo e morte de nossos meninos (e meninas) em dramaturgias alegórico-poéticas distintas. *As informações complementares deste item estão em anexo.
    Ciclo das Mogianidades Caipiras: Obras, Festejo e Performance deste Ciclo. Na primeira obra do ciclo: Nascimento da Ausência de Velar de Menino ocupamos o corpus urbano de nossa cidade: Mogi das Cruzes, no Largo do Carmo, diante das Igrejas Carmelitas (do século XVII), com histórico significativo de negros escravizados, no qual nesta, tratamos do estreito dialogar as violências institucionais às mães de maio, de Mogi, ou qualquer outro tempo, privadas do direito mínimo do velar do corpo de seus desaparecidos filhos. Pretendemos personificar estes regimes autoritários, massacres e genocídios, apenas quantificados nos números, que incorrem sistematicamente as minoritárias de raças, tribos e culturas. Na segunda obra deste ciclo: Sebastião Cruzado no Aço, em quatro episódios, que executamos em aproximadamente dez horas, com mais de setenta populares e atuadores; fazemos referência aos fatos históricos relativos ao enforcamento do negro Sebastião em nossa cidade, que através da implementação da Lei 15 de Junho 1835, única legislação que permitiu a pena de morte no território brasileiro, resulta na morte deste ancião e escravo. Em obra nos propomos cantar sua incelença (rito popular de ascensão ao falecido) diante dos bélicos obeliscos; para vigorarmos nossas forças às casas grandes; rios, lagos, caminhos de terra em fés tantas. . Na terceira obra do ciclo: Benedito, será realizada em quatro episódios, nas vinte quatro horas do dia, divididos em duas modulações de doze horas ininterruptas, por mais de cem viventes artísticos e culturais de nossa região, entre grupos de congada, moçambique, culturas populares, entre outros. Que traz Benedito, nascido sem mãe alguma, nas rodas das crianças enjeitadas dos conventos, orfanatos, ou ruas desta cidade. Até sua ascensão como filho pardo, caipira, migrante, imigrante, do mais distante monte da cidade, onde se possa ver o todo desta região, para que seus habitantes possam assim cantar seu ciclo de vida, de homem comum, mítico e santo, atravessado entre tantas culturas, fés e tradições desta Mogi das Cruzes, e região da Serra do Itapety. No Reencontro das Claras – sobre Flores, Frutos e Ventos, realizamos o festejo dramático popular para celebrarmos nossos encontros e reencontros, em celebrações artísticas, culturais e identitárias das culturas caipiras, afro-brasileiras, entre outras, que vigoram em essência colaborativa uma profunda comunhão de teus cantos, ritmos, e danças destes atuantes e publico. Na performance Passos discorremos sobre caminhos a se percorrer no profundo das tradições brasileiras, caboclas e caipiras, que nos norteiam em seus preceitos socioculturais. Serão danças, artes plásticas, instalações, teatralidades que constituirão nas estradas de terra desta cidade, e em outras mais, que puderem percorrer de lirismo, reatualização e ancestralidade nossa. *As informações complementares deste item estão em anexo.
    Nosso Teatro da Acontecência. Nosso Teatro da Acontecência transcorre sobre um processo de pesquisa-imersiva ao aprofundamento de nossas corporeidades cênicas, em dialogo imanente com outras matérias, humanas, físicas, sonoras, naturais, coisificadas, entre tantas. Buscamos na efemeridade do acontecimento dramatúrgico seu pertencer poético, sendo um disparador ao indivíduo, a integralidade de sua imanência, de tua essência, de seus aconteceres. Atrelando essa prática-estética as inúmeras tradições do corpo, como culturas meditativas, cantos, danças populares, artes marciais, musicalidades, teatro físico, artes plásticas, dança contemporânea, congada, jongo, capoeira, performance, entre outros. São essas que denominamos num composto pratico de Culturalidades do Corpo, na qual vivenciamos periodicamente com inúmeros mestres e professores de suas respectivas expressões e tradições, assim adentrando ao repertorio de pesquisa e obra do grupo. Tecido Estético de nossa Dramaturgia. Nossa premissa de elaboração dramatúrgica parte dessa pesquisa de nosso grupo em volta deste Teatro do Acontecência, que engloba hibridas vertentes narrativas, como o documental, dramático, épico-metateatral, imagens suspensivas, poéticas, teatro narrativo, justaposição de imagens, entre outros. Situamos nosso tecido-dramatúrgico numa estrutura fragmentário-associativa, em que cada cena independa uma da outra, que seja potencializada em sua singularidade e estética, porém sutilmente associada por elementos-signos que se interligam e dão um relativo ritmo de contiguidade para conjuntura cênica. Com digressões épicas a este relativo plano sequencial, evocamos assim distanciamentos sobre signos poéticos discorridos, que suspendem a cena em significados correspondentes duma memória coletiva. Em que se recorra solo na cena, ou se justapondo com as vozes narrativas, através de estéticas que serão abordadas mais adiante como teatro de objetos, teatro físico, teatro íntimo, mímica corporal, canto coral, danças e ritmos populares. Aprofundando nossa Dramaturgia ao Acontecimento. Nesta obra trazemos alguns paradigmas-simbólicos norteadores das bases centrais da dramaturgia do acontecimento, que trata da presentificação imanente do corpo atuador em acontecimento: poético, cultural ou vital, como materialidade elementar da expressão cênica. A privilegiar tua temporalidade presente, nestes corpus mesmo sendo épica, fora do tempo constituído, em recorrência da oralidade e suas transitoriedades temporais, essa ainda assim vigorar o ato presente, em suas propriedades imagéticas, em sua prevalência ao acontecimento poético. *As informações complementares deste item estão em anexo.
    Impacto do Ciclo I: Em seu primeiro ciclo nos anos de 2017 e 2018, esta obra, Nascimento da Ausência de Velar de Menino, fora elaborada e apresentada com a colaboração, participação e atuação de mais de vinte integrantes, entre atuadores, coro, músicos, cenógrafos, figurinistas, entre outros que abarcaram a constituição desta montagem. Atingindo um numero aproximado de (500) quinhentos espectadores, convidados, e transeuntes, que imergiram neste espetáculo em seus aconteceres, e sua integralidade. Ocupando durante estes dois anos o Largo do Carmo, em dialogo simbólico ao calendário romano, e ao respectivo Ano Litúrgico da catolicidade instituída. Essas executadas em (5) cinco apresentações em instalações nos tempos litúrgicos de advento, natal, tempo comum, quaresma, páscoa, e novamente ao tempo comum. Ocupação de Territórios Públicos. Nossa sociedade vive uma intensa crise do que é interesse publico, deveríamos ocupar o que é da esfera publica, do que é responsabilidade social, numa contraposição arbitrariamente restringimos esses espaços de reflexão, elaboramos fronteiras ideológicas, corpóreas e matérias. Abdicamos de espaços de inerência comum, sucateando-os a abrir margem a apropriação da especulação de toda ordem. Vivemos uma cultura instaurada do medo, estes condicionamentos culturais (e já biológicos) de nossa experiência de retroação, de uma quase extinguível alteridade humana, negamos o que é da vida, do coletivo. Reproduzimos estes preceitos opressivos em microcosmos familiares, de trabalho e de convívio social, somos a vida que os sistemas dominantes nos impõem, escravos-adestrados deste tempo. Estes que se caracterizam coisificados, produtos e propriedades, ao gosto dos pressupostos colonizadores que trazemos arraigados em nossa corporeidade. Nenhum sujeito esta excluso deste domínio opressivo, violento e colonizador, destes paradigmas de coerção, exclusão e cerceamento ao individuo, que muito nos afasta de nossa essência a comunhão humana, por isso ocupamos esses territórios de dialogo. Alargamos assim um intercambio de vozes locais, fora dos grandes centros do estado, em bairros com acesso restrito a produção cultural e as artes.Tratamos duma provocação a cidadania artístico-cultural nestes territórios, valorando uma consciência de pertencimento aos espaços de essência pública, com notória responsabilidade e reconhecimento em seus fazeres artísticos, sociais e culturais. Muitas vezes esses espaços são sufocados por uma cultura de opressão em suas respectivas localidades, numa via contraria ao que propagam, uma riqueza cultura impar a diversidade, e são a esses que nos propomos a fomentar de forma mínima, com essas difusões, nestes representativos territórios de cultura, através de nossas linguagens, inquietações e estéticas.
    Ciclo I (Ano I): Passado cinco anos de processo, pratica e pesquisa desta obra, instalamos nosso Ciclo I, em Mogi das Cruzes em Dezembro do ano de 2017, dando prosseguimento no ano de 2018 na ocupação do Largo do Carmo, num dialogo simbólico com nossas culturalidades, aqui evocado as instalações diante das seculares Igrejas Carmelitas da Ordem Primeira e Terceira. Obra essa que se propôs dialogar em seus experimentos iniciais desde o ano de 2014 com espaços públicos periféricos, rurais e fora do centro da cidade de Mogi das Cruzes, em praças, ruas, vielas, largos, entre outros. Como na Praça Cipriano Branco da Silva em Taiacupeba, Praça Zumbi dos Palmares na Vila Bernadotti, Praça Jesuíno Franco em Sabaùna, onde discorremos não somente os aspectos de elaboração processual como praticas, treinos, experimentações estéticas, assim como constituímos à cena em sua integralidade, em seus respectivos compostos de pesquisa, criação, e finalização. Efetivamos assim nas comunidades-bairros onde estivemos uma significativa intervenção como nossos propósitos cênicos, culturais e de arte publica, no qual nos propomos evidenciar nesta obra.
    Obra de difusão afirmativa: Tivemos nesta obra, pesquisa e processo de criação instaladas em espaços públicos desta cidade, com efetivo dialogo as camadas sociais menos favorecidas, promovendo o acesso de fruição das artes, cultura popular e teatro com seus transeuntes, vivenciadores e espectadores. Atendendo assim a todos os tipos de público, a todas as classes sociais e faixas etárias: crianças, jovens, adultos e idosos. Descentralizando o assentamento desta obra, ocorrendo fora dos ambientes convencionais, dando acesso a quem menos pode usufruir desta diversidade, como difusor a popularização das artes. Contrapartida Afirmativa - Seminário sobre a Cultura Caipira - Congado no Asfalto. Realizaremos por difusão online o Seminário sobre a Cultura Caipira - Congado no Asfalto, que enfoca na pluralidade do pensamento, reflexão e atuação destinada à cultura caipira inserida no território urbano, periférico e rural da cidade de Mogi das Cruzes. Traremos diversos mestres, viventes e indivíduos inseridos neste contexto para provocar um aparato referencial desta cultura minoritária. Evocando assim ao centro das discussões as respectivas minorias: étnicas, periféricas, religiosas, entre outras, implicadas no arraigado processo histórico de exclusão, desigualdade e preconceito desta cultura. Em seu primeiro momento teremos o seminário sobre o Congado no Asfalto, trazendo o panorama de resistência cultural do congado na cidade, fora dos contextos rurais, adentrando as periferias e centros urbanos da cidade, nesta que é cultura tradicional caipira de devoção aos santos negros. A Cultura Caipira nesta Cidade. As expansões territoriais já não eram mote exclusivo dos setores dominantes nos fins do século XVII, nela adentravam camadas sociais majoritariamente populares. São esses fluxos migratórios que surgem duma relação de dominação aos povos originários, ou ora de convivência pacifica e miscigenação étnica. São estes territórios caipiras da Paulistânia, região essa atribuída à Capitania do Sul, englobando partes dos estados de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás, Paraná e São Paulo. Nossa Mogi das Cruzes se forma na difusão popular da cultura caipira, que ora deixa de migrar, para em outras localidades buscar sua subsistência, acabando por sedimentar seu cosmo cultural no ambiente rural. Nesta cultura de bairro que não se isola, mas que se encontra, num pertencimento comunitário, em seus preceitos religiosos, culturais e sociais. Esta cultura hoje de indivíduos à margem da urbanidade, situados nessas regiões rurais, correlacionados pelo trabalho na terra em colaboração, como nos mutirões onde o povo caipira em escambo sede sua força de oficio ao roçado vizinho. Destas muitas celebrações coletivas, dessa cultura caipira, esquecida, estereotipada e fragilizada, e que mesmo assim resiste nas margens rurais, periféricas e nas ancestralidades desta Mogi das Cruzes.
    Permanência: Assim como em seu primeiro ciclo, nos anos de 2017 e 2018, Nascimento da Ausência de Velar de Menino, estabeleceria em seu segundo momento, neste presente ano de 2020 e de 2021, um permanente dialogo cíclico com teu tempo, vislumbrando a continuidade anual de suas instalações ao Largo do Carmo. Contudo (de forma independente) reiniciaríamos este segundo ciclo no passado mês de Março, porem com esse contexto de isolamento social diante do quadro pandêmico, tivemos que interromper esse novo transcorrer significativo da trajetória de nosso grupo. Pretendemos após esse período de reclusão social, efetivar neste mesmo assentamento nossa obra, que se faz em dialogo veemente com toda a espacialidade urbana. Estabeleceríamos esses elos poéticos com nosso tempo, mantendo essas vias associativas à cultura mogiana, caipira e a catolicidade popular e institucional, nesta intervenção ao Largo do Carmo em Mogi das Cruzes. Intentamos assim um diálogo simbólico com as celebrações temporais que permeiam essas culturas, em vias poéticas, sagradas e profanas.

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