Aldir Blanc
Edital nº 019/2020: Projetos Culturais

PROJETOS CULTURAIS 3
Projetos grande porte

Classificado 27º Selecionado 46,00 pontos Premiação R$ 25.000,00

  • Medea(I)Material

    Proponente: Priscila da Penha Nicoliche

  • A história Para trazer o velocino de ouro, Jasão conta com a ajuda de Medea que durante a viagem mata o próprio irmão atirando-o ao mar para despistar os perseguidores que vem da Cólquida em seu encalço para recuperar a relíquia. Em terras novas, ela e seus filhos são trocados por Jasão que tem a intenção de se casar com a filha do Rei Creonte em busca de poder e ascensão e em seu amor/fúria/vingança Medea-estrangeira-bruxa-amante-abandonada mata os próprios filhos entregando os ao pai-Jasão. Em Medea(I)Material, a personagem se encontra em uma prisão pessoal, encarcerada em sua própria dor, como uma paisagem aniquilada em busca de algo que já não pode existir. Refém da sua própria história, revive sua trajetória de forma ininterrupta na sucessão dos dias. O espetáculo Em 'MedeaMaterial paisagem com argonautas' o dramaturgo e diretor alemão Heiner Muller captura o mito grego para falar sobre uma Alemanha pós guerra, uma pátria-mãe capaz de matar seus próprios filhos, envolta em uma paisagem que se desfaz diante dos olhos. Não somos alemães. Não vivemos as grandes guerras. Não tivemos que sobreviver aos campos de extermínio, entretanto, em nossa história atual, ou melhor, nem tão atual, o que vemos é um quadro semelhante exibindo a mesma paisagem cruel e dura, a morte cada vez mais anunciada pelo abandono daqueles que deveriam zelar por nós.
    Medea(I)Material é a 13ª montagem do grupo Quântica Teatro Laboratório, criado em 2004 e dedicado a pesquisa de movimento, a encenação perfomática, ao Homem como centro de investigações e ao teatro que se faz político porque se mantém em conexão com a (nossa)História. Nesta montagem, a personagem é criada a partir da captura, das contradições e da diversidade de seus sentimentos mas é também tratada como a figura histórica, estrangeira, refugiada, banida de sua terra natal.Tudo traduzido por meio de um teatro dolorosamente físico que se utiliza do movimento e da perfomatividade para compor uma obra que fale ao homem de hoje. Com uma encenação contemporânea que zela pelo primor da palavra e da estética, a composição da narrativa em cena sugestiona ao público uma sucessão de quadros que se compõe em movimento, fortalecendo a comunicação direta e a aproximação da protagonista que dança também como numa dramaturgia imagética. Com trilha autoral executada ao vivo, instrumentos como o acordeon, o violoncelo e a flauta, também compartilham e potencializam a atmosfera de ‘’auto punição - auto cárcere” da sua própria história e insere a platéia no caos que se apresenta.
    Sim. Desde sua formação, em 2004, o Grupo Quântica Teatro Laboratório sempre se manteve no campo da pesquisa estética e de linguagem, primeiro por meio da dança teatro e posteriormente estudando e produzindo performances, utilizando tecnologias para a cena e atualmente se enveredando pelas produções audio-visuais. Neste sentido, o dramaturgo Heiner Muller já havia sido foco de pesquisa com o espetáculo A máquina - uma leitura frankensteniana sobre Hamlet (201-2012), a partir dos materiais do texto Hamletmachine. Medea(I)Material, que tem seu ponto de partida com medeamaterial paisagem com argonautas, dá continuidade a esta pesquisa não apenas ressignificando o mito de Medea em seu aspecto político, característica forte em Muller, mas também como mulher em tempos atuais, além de motivar nossa pesquisa nas áreas dramatúrgicas, na construção corporal e nas potencias da criação simbólica e de comunicação com o público. O espetáculo foi criado em conjunto com outros artistas-pesquisadores como Antonio Nicodemo que fez o tratamento dramatúrgico do texto de Muller e Rodrigo Kohle, músico multi instrumentista que criou a trilha a partir das sensações e intenções das cenas.
    O projeto contou com o envolvimento direto de 10 profissionais sendo: atriz, músico, dramaturgo, técnico de luz, figurinista, marceneiro, fotógrafo, cinegrafista/editor, produtora executiva, design de arte. Alcance de público presencial: 300 pessoas (Dados na execução do PROFAC) Mídias sociais- alcance: 17.364 (Dados da execução do PROFAC) Total do público estimando as demais apresentações realizadas: 450 pessoas aproximadamente Com relação ao impacto social destacamos a apresentação na Escola Municipal Prof. Mario Portes, em Jundiapeba - região periférica da cidade, onde contamos com todo apoio para montagem, desmontagem do espetáculo, divulgação e mobilização por parte das escolas do entorno que levaram seus alunos para a apresentação. O público se mostrou exemplar, oferecendo após o espetáculo um bate papo muito rico que versou sobre teatro, a condição da mulher e questões de cultura na periferia. Além da mobilização das escolas tivemos a adesão de outros grupos do bairro na plateia como a UNEGRO Mogi, o projeto Basquete Mogi Jovem e um grupo de treinamento de Boxe muito frequentado por mulheres. A utilização do anfiteatro da Escola Mario Portes, sede na banda Mario Portes, também representou um marco, uma vez que muitas pessoas que foram assistir ao espetáculo não conheciam ou sequer tinham conhecimento do equipamento na região.
    29.04.2016 - Festival de Arte Popular do Alto Tietê - Centro Cultural de Mogi das Cruzes 14.02.2018 - 9º Festival Tablado - Theatro Vasques - Mogi das Cruzes 28.07.2018 - CEU das Artes - Vila Nova União - Mogi das Cruzes - PROFAC 21.08.2018 - E.E. Profº Mario Portes - Jundiapeba - Mogi das Cruzes - PROFAC 14.09.2018 - Centro Cultural - Centro - Mogi das Cruzes - PROFAC 19.10.2018 - Escola de Artes da AJPS - Cesar de Souza - Mogi das Cruzes - PROFAC 07.2020 - Festival de Inverno Serra do Itapety- Mogi das Cruzes - Mostra online
    O projeto Medea(I)Material é resultado de um processo de pesquisa de um grupo que em 2020 completou 16 anos de existência e que inclui em sua formação e processos artistas e profissionais não apenas de Mogi das Cruzes mas da região do Alto Tietê e São Paulo- capital, dando oportunidade de geração de renda, além do desenvolvimento e aprimoramento artístico ao sempre tratar de temas relevantes para a sociedade como questões de gênero, igualdade e direitos humanos e reflexões no campo político. As apresentações realizadas até o momento foram, em sua maioria, direcionada para bairros periféricos nos quais os jovens foram o maior público alcançado. E isto representa também nossos valores como grupo: abraçar artistas e demais trabalhadores do setor cultural em nossas pesquisas e processos e promover o encontro com o público dando prioridade `as regiões e grupos com menor acesso.
    Após a circulação pelo Profac, o espetáculo nos rendeu, como continuidade do processo de pesquisa dentro do universo das pesonagens femininas, um outro trabalho que é Carmen Poema- um manifesto sobre a paixão, lançado na plataforma do Youtube, e a partir deste, nosso desejo de retomar Medea sob o aspecto de investigação do que pode ser 'vídeo-teatro/teatro-vídeo' sem desprezar a singularidade e a importância da presentificação no fenômeno teatral, mas de propor algo novo que pode gerar um alcance e uma nova relação com públicos que talvez jamais alcançassemos por meio de apresentações. A continuidade, tal como este projeto se propõem também é uma esperiência no campo da linguagem para nós como artistas-pesquisadores.
    01 - Gravação do espetáculo Medea(I)Material em formato para vídeo e disponibilização do material no canal do Youtube do grupo Quântica Teatro Laboratório e demais plataformas como Facebook e IGTV. 45 minutos. Parceria com a Monolito Films; 02 - Vídeo-documentário sobre o processo criativo do espetáculo com foco na dramaturgia e composição corporal também disponibilizado no canal do Youtube do grupo Quântica Teatro Laboratório e demais plataformas como Facebook e IGTV. 35 minutos. Parceria com a Monolito Films; 03 - Exposição fotográfica online do espetáculo. O grupo possui um acervo de fotos tiradas pelo artista-multimídia William Ferro, bastante conhecido em nossa região.

    Informações: 11 4798-6900
    E-mail: culturamogi@pmmc.com.br

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