Aldir Blanc
Edital nº 019/2020: Projetos Culturais

PROJETOS CULTURAIS 3
Projetos grande porte

Classificado 6º Selecionado 51,00 pontos Premiação R$ 25.000,00

  • Imigra, Um Conto Descrito no Corpo

    Proponente: Fernanda Moretti Pereira de Faria

  • Afetos que nos atravessam. Fluências que nos percorrem e influências que nos modificam. Marcas no corpo com tanta ênfase em nossos modos de ser. Ancestralidade... Estes foram alguns dos questionamentos que impulsionaram a criação de Imigra – Um Conto Descrito no Corpo. Com repercussão surpreendente de crítica e de público, tais questões apenas foram abertas pelos bailarinos intérpretes-criadores Cassiano Takaoka e Miria Sayuri. Isso porque as respostas vieram e continuam a voltar até hoje do público, nas mais diferentes e incríveis leituras e interpretações. Até que sua circulação foi interrompida em função da pandemia. Imigra desvenda olhos e olhares de quem o assiste. Veio para servir e não se exibir. Pesquisar a ancestralidade contida no gesto e na expressão única de cada ser foi o mote do projeto financiado pelo PROFAC 2019 para Produção de Espetáculo de Dança. Com isso, entender e desenvolver a expressividade resultante da diversidade cultural e vivencial de um bailarino, que traz em si a pergunta e a pesquisa do mundo. O bailarino porta no corpo a investigação e a resposta, ou busca de respostas, da humanidade inteira. Porque é ele a humanidade... no presente, passado, futuro. Cada um de nós traz em si a humanidade inteira. E no corpo está uma leitura muito clara disso. Como uma tatuagem inscrita na pele, como um conto descrito no gesto! Imigra versa sobre a cultura oriental além da imigração. Exibe ao público uma dança contemporânea completamente enriquecida da cultura brasileira com suas movimentações e sonoridades populares e folclóricas Com direção da coreógrafa mogiana Fernanda Moretti, que há 23 anos pesquisa e desenvolve trabalhos de dança contemporânea versando sobre o diálogo entre artes, culturas e seres humanos, Imigra é a profunda vivência e a potente expressão dos afetos que nos atravessam. Este trabalho quer servir às próximas gerações!
    O ineditismo considerável deste trabalho está em não versar sobre danças brasileiras ou cultura japonesa em si, mas nas relações estabelecidas, diálogos e atravessamentos, influências, formações e modificações que se dão na interconexão destas culturas. O que forma, informa ou deforma os indivíduos, qual o resultado da miscigenação tão falada mas também tão recusada em nosso país? Em cena, uma bailarina clássica encontrou um dançarino de danças populares. Inédito, inusitado, surpreso. A trilha sonora especialmente composta qualifica aqui uma raridade em trabalhos cênicos em dança na cidade e região e tornam esta obra de arte ainda mais singular. Suas apresentações seguem também o inusitado ao realizar 6 espetáculos em seis locações diferentes. Nunca se repetiu. Uma sala de ensaios, um teatro, um casarão histórico, o terminal rodoviário, a natureza da Serra e uma praça pública foram cena e cenário de tantos retornos ao público.
    O espetáculo investiga a gestualidade dos artistas tanto através da diversidade quanto da simbiose na expressão de ambos. Apresenta uma bailarina que atravessou toda uma formação erudita e acadêmica de balé clássico e jazz dance e um dançarino que surge das artes populares e folclóricas das ruas brasileiras. Forças do feminino e delicadezas do masculino. São os mogianos Miria Sayuri e Cassiano Takaoka que apresentam muito mais que diversidade artística. Têm ao mesmo tempo identidade cultural. Têm em si, traçados no rosto e na memória, a imigração japonesa! Presença fundamental na formação econômica, social e cultural da cidade de Mogi das Cruzes, a imigração japonesa permeia todo projeto para pontuar simbolicamente a tão atual questão da imigração na contemporaneidade. Deste modo, uma apresentação aconteceu no Casarão do Chá. Importantíssimo ícone da cultura japonesa na cidade, o casarão histórico construído em 1942 para processar e embalar folhas de chá, foi restaurado e conservado pela Associação Casarão do Chá, está situado na zona rural do bairro de Cocuera, desenvolvido por imigrantes agricultores e hoje abriga exposições e eventos artísticos e turísticos. Deste modo também, foram escolhidos para composição da trilha sonora dois músicos com vivências e estradas longas, experiências e sonoridades amplas. A brasilidade de Danilo Meirelles dialogou com a complexidade do imigrante espanhol residente em Mogi Enrique Adalantado. Junta à criação deles, a rabeca do artista popular Alício Amaral completa a trilha exclusiva e inédita. Uma pesquisa de mergulho na própria ancestralidade da cultura e do corpo, como explicado acima. Uma visita e um diálogo com nossos afetos mais calados. A pesquisa que se deu para a criação deste espetáculo foi muito além daquelas que se faz em livros, mas foi vasculhar a história individual de cada artista, bem como entrevistas e longas conversas com seus familiares. Uma provocação que foi aceita por muitas pessoas que assistiram e se sentiram afetadas. Os relatos abaixo apresentados em "Impacto do Projeto Cultural" são melhor exemplo disto. Ressaltamos, ainda, a importância também já descrita na apresentação supra, da cultura japonesa na cidade de Mogi das Cruzes. Porém, este mergulho ancestral é apenas um simbolismo da ancestralidade vital, corrente e fluente em cada um de nós. Em qualquer canto da Terra. Em qualquer gesto do corpo.
    Sua relevância está tanto no tema quanto no impacto de suas apresentações. A cultura e a imigração são questões universais, sendo que duas delas aqui abordadas são ainda de maior relevância para a cidade e região do Alto Tietê. Nas sete apresentações realizadas, algumas delas surgiram a convite da produção dos eventos após seus curadores assistirem à estreia. Assim Imigra foi convidado para a programação do Festival de Verão da Secretaria de Cultura e da 10ª Mostra de Teatro Tablado, ambas de Mogi das Cruzes. Datas e detalhes no item 7 logo abaixo.
    Apenas a estreia se deu no centro da cidade e dentro de um teatro: a sala Wilma Ramos do Centro Cultural de Mogi das Cruzes. Os ensaios abertos foram no estúdio da produtora no distante distrito de Braz Cubas; logo a segunda apresentação se deu em plena zona rural do distrito de Cocuera no histórico Casarão Do Chá. Em seguida, a convite da Secretaria de Cultura ocupou o saguão de passagem do terminal rodoviário que, embora seja central, tem ali a circulação de pessoas das mais diversas regiões; logo após, fez da natureza da Serra do Itapety seu palco e cenário até realizar a última apresentação antes da pandemia em plena praça pública. Aberta para todos os olhares, passagens e encontros. Imigra foi ao encontro do público. Porque é encontro!
    As ações afirmativas deste projeto ainda não cessaram, mas apenas nos vimos obrigados a pausar por conta do isolamento social. Ações amplas e claras uma vez que todas as suas apresentações foram gratuitas e abertas a um público de todas as idades. Sua circulação se deu do centro à periferia, da zona urbana à rural e também natural! Diferentes grupos de pessoas de diferentes âmbitos sociais passaram por nossa plateia: idosos de uma casa de repouso em passeio pelo Parque Natural Municipal, ciclistas e turistas em visitação ao histórico Casarão do Chá, transeuntes e trabalhadores na Praça Monsenhor Roque Pinto e no Terminal Central e finalmente o público formado por artistas e intelectuais formadores de opinião na estreia do Centro Cultural. Além de espetáculos foram promovidos ensaios abertos, debates com o público, rodas de conversa e workshops com os artistas envolvidos. Amplitude e diversidade estiveram presentes desde o processo criativo deste projeto até seu encontro final com o público que o abraçou e foi por ele atravessado.
    Imigra trilhou mais caminhos do que os previstos no projeto inicial. Depois dos dois ensaios abertos e sua estreia e apresentação no Centro Cultural de Mogi das Cruzes e Casarão do Chá, foi convidado para participar do Festival de Verão de Mogi das Cruzes. Realizou uma apresentação no Terminal Rodoviário Central e outra no Parque Municipal Francisco Afonso de Melo, na Serra do Itapety. A natureza e o urbano, o palco e a praça. Em diferentes cenários, nossa proposta maior de pesquisa e atuação. Todas as apresentações são comprovadas com seus cartazes em anexo a esta inscrição bem como na página @imigradanca no Instagram. Quando o projeto estava pronto para seguir em circulação por outras cidades do Estado, foi pausado por conta da pandemia em março de 2020. Com o presente edital, aguarda o fomento para sua continuidade, não apenas na memória, mas no futuro das gerações que hoje precisam aprender a buscar identidade, autenticidade e resistência. Apresentações: 1. 31/10/2019 Primeiro Ensaio aberto na sala de ensaio de Fernanda Moretti Arte do Movimento, distrito de Brás Cubas, Mogi das Cruzes; 2. 22/11/2019 Segundo Ensaio aberto na sala de ensaio de Fernanda Moretti Arte do Movimento, distrito de Brás Cubas, Mogi das Cruzes; 3. 10/12/2019 Estreia no Centro Cultural de Mogi das Cruzes, Sala Wilma Ramos; 4. 15/12/2019 Apresentação no Casarão do Chá, distrito de Cocuera, Mogi das Cruzes; 5. 27/01/2020 Apresentação no Festival de Verão de Mogi das Cruzes no saguão do Terminal Rodoviário Central; 6. 01/02/2020 Apresentação no Festival de Verão de Mogi das Cruzes no gramado do Parque Natural Municipal Francisco de Melo, na Serra do Itapety; 7. 08/03/2020 Apresentação na 10ª Mostra de Teatro Tablado Mogi na praça Monsenhor Roque Pinto, frente ao Centro Cultural de Mogi das Cruzes.
    10 (dez) bolsas de estudos no valor de R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais) na Escola de Dança Fernanda Moretti para estudantes entre sete e dezessete anos das redes públicas e/ou particulares de ensino pelo período de 06 (seis meses), de fevereiro a julho de 2021. Tais bolsas serão distribuídas entre as turmas dos níveis iniciante, intermediário e avançado de balé clássico e jazz dance e os alunos serão selecionados mediante audição virtual on line realizada através de chamamento público via edital até 31 de janeiro de 2021. 10 x R$ 250,00) x 6 = R$ 15.000,00 (quinze mil reais)
    R$ 15.000,00

    Informações: 11 4798-6900
    E-mail: culturamogi@pmmc.com.br

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