Aldir Blanc
Edital nº 019/2020: Projetos Culturais

PROJETOS CULTURAIS 3
Projetos grande porte

Classificado 13º Selecionado 49,00 pontos Premiação R$ 25.000,00

  • Matança Popular Brasileira (MPB)

    Proponente: Bianca do Rêgo Silva

  • “Matança Popular Brasileira (MPB)” é um filme-ensaio que propõe uma reflexão sobre o feminicídio no Brasil e como a mídia trata desse assunto tão delicado. Canções populares, contos de ninar e até pinturas rupestres narram sobre esse homicídio cometido por questões de gênero. Porém, essas narrativas são normalmente banalizadas e muitas vezes até endossam esse comportamento bárbaro através das letras de músicas de todos os gêneros musicais ou no modo como o jornalismo decide abordar o tema. O filme decidiu seguir uma estética crua, rude, para demonstrar a crueldade de tal prática. O traço que lembra desenhos de cordel da animação feita exclusivamente para o filme transmite essa sensação áspera e incômoda de que há algo desconfortável na tela. Misturando imagens de arquivo, técnicas documentais, experimentações, animação e narrativa ficcional, “MPB” é um produto cultural sobre um assunto pertinente realizado de forma singular. Procuro uma premiação para o filme, e, na busca por precificar o projeto, me baseei no edital da lei Aldir Blanc da cidade de São Paulo que destina 25 mil para filmes de animação. Visto que nosso filme é boa parte animação 2D feito frame a frame, decidi inscrevê-lo nessa categoria.
    “MPB” é um filme-ensaio e essa categorização já traz uma particularidade para a obra. Inaugurado pelo filósofo francês Michel de Montaigne, o conceito “ensaio” como registro de experiências enquanto vias de conhecimento é proveniente do ramo da literatura. Ainda no século XX, cineastas como Jean Luc-Godard e Chris Marker, de certa forma, traduzem características do ensaio literário para o cinema. Mesmo aparecendo em meados do século passado, o filme-ensaio ainda é um conceito em formação, e, apesar de divergências, pode-se listar algumas definições inerentes ao ensaísmo: a subjetividade, a formação de um discurso, a presença nítida do diretor e a reflexão sobre o modo de produção do próprio filme, entre outros. O filme-ensaio marca a maturidade de expressão uma vez que a narrativa fictícia do cinema convencional pode ser vista como um espaço de pouca inovação estilística ao considerarmos que se reproduz a repetição constante de fórmulas narrativas. A “forma que pensa”, como Godard identifica o filme-ensaio, tem o potencial para gerar conhecimento através da reconstrução da realidade. Com a mistura estilística de diversas linguagens cinematográficas (animação, ficção, documentário, experimentações, etc) nosso filme trata de um assunto delicado de maneira inovadora através da ótica singular e subjetiva da diretora. O objetivo maior da obra em questão é provocar uma discussão, abranger um discurso intensificado sobre o feminicídio. Ou seja, através de uma abordagem pouco utilizada e reconhecidamente no ramo científico como uma montagem intelectual, “MPB” reflete um lado obscuro da sociedade de maneira dinâmica manejando diversos quesitos culturais (conto popular, música, pintura, etc).
    A proponente frequentou o curso de pós graduação sobre “Filme-ensaio” na Universidade de São Paulo (USP) onde obteve uma nota máxima em sua pesquisa. Antes disso também fez um curso livre sobre filme-ensaio no SESC Avenida Paulista com os professores Caio Lazaneo, Renato Coelho e Priscyla Bettim. Também possui uma pesquisa no ramo ensaístico, incluindo uma Iniciação Científica sobre o filme “Elena” que foi apresentada e publicada no XXII INTERCOM (maior congresso de comunicação do Brasil), na SUA 2018 (Semana Universitária do Audiovisual), no XII Encontro Científico e de Iniciação Científica Anhembi Morumbi, no III Encontro Redes Digitais e Culturas Ativistas da PUC Campinas, e, no Cabíria - Festival e Prêmio de Roteiro. Assim como a Iniciação Científica, sua monografia e filme de conclusão de curso também foi um ensaio sobre o universo feminino intitulado “Vir-a-Ser”. A realizadora ainda possui uma pesquisa sobre cinema de arquivo tendo outras obras que se utilizam da ferramenta como “Diagrama do Útero” (Prêmios: 14ª. Mostra de Audiovisual Universitário da América Latina UFMT, Mato Grosso, Brasil, 3° lugar "Experimental"; REcine 2016, Rio de Janeiro, Brasil, Melhor uso de imagem de arquivo; Mostra Universitária de Audiovisual da Universidade Federal de São João del-Rei, Minas Gerais, Brasil, 2° lugar), “What Makes a Good Party” (Prêmios: 1° lugar na categoria Experimental da 15° MAUAL, Mato Grosso, Brasil), “Silêncio” (Prêmios: Festival de Curtas do Grande ABC 2017, São Paulo, Brasil, Melhor Documentário; XII Cinefest Gato Preto, São Paulo, Brasil, 3° lugar Júri Popular; Josiah Media Festival 2017, EUA, 2° lugar “Documentário”; 16° MAUAL, MT, 1° lugar “Documentário”; Curta Suzano - Mostra do Curta-metragem do Alto Tietê, São Paulo, Brazil, Menção Honrosa). Por fim, devido a experiência no ramo acadêmico e profissional acerca do filme-ensaio, do cinema de arquivo e do universo feminino, “MPB” reflete uma pesquisa e vivência por parte da diretora ao realizar o filme.
    “Matança Popular Brasileira (MPB)” teve sua estreia no Festival Amazonas no Cinema, dentro do Festival Amazônia Doc atingindo centenas de pessoas. Pretendemos seguir inscrevendo o filme em festivais e a projeção é que o filme atinja milhares de pessoas através dessas exibições em cinemas. E, posteriormente, iremos disponibilizar o filme online e então projetamos outros milhares de acessos. Esse caso se repete com os filmes anteriores da realizadora que já teve seus sete filmes exibidos em mais de 70 festivais nacionais e internacionais, e, nas exibições online, seus filmes somam milhares de visualizações.
    O filme foi finalizado em Maio de 2020 na cidade de Mogi das Cruzes, especificamente no bairro da Vila Jundiaí. Como o filme está sendo exibido em festivais ao redor do país, e posteriormente será disponibilizado online, seu alcance é imensurável uma vez que qualquer pessoa com acesso à internet poderá assistir ao filme.
    O filme tem uma equipe técnica diversificada com membros pertencentes a minorias como à comunidade LGBTQIA+, pretos, mulheres e jovens da periferia.
    O filme tem continuidade indefinida pois, uma vez que passar por festivais, ficará online e acessível para qualquer pessoa que possua acesso à internet.
    Distribuição de 100 DVD's em CRAS, CREAS e escolas públicas de Mogi das Cruzes. R$ 1.500,00; Mostra de filmes dirigidos por mulheres, realizado de forma online em um fim de semana, seguido de debate com as realizadoras. R$ 4.500,00; Postagem de 5 vídeos no youtube. Produção e edição de três vídeos de relevância artística/cultural e divulgação dos filmes inéditos. R$ 5.500,00.
    R$ 11.500,00

    Informações: 11 4798-6900
    E-mail: culturamogi@pmmc.com.br

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